sábado, 30 de abril de 2011

sexta-feira, 22 de abril de 2011

A Relação Kohai/Senpai

O Aikido se baseia em princípios claros e muito rígidos de hierarquia. A base dessa lógica encontra-se na tradição japonesa da valorização do mais velho e da forte ligação com os seus ancestrais e, dentro dos keikos, esse princípio se faz presente através da relação entre kohai/senpai.
Kohai poderia ser traduzido como "ajudante" (mais novo no grupo), enquanto Senpai poderia ser traduzido como "mentor" (mais velho que o kohai no grupo). Essa prática é um dos pilares essenciais do Aikido e penso que deva ser a cada dia mais fortificada e exercida ao extremo. Essa relação não tem nenhum vínculo com humilhação ou colocar um aikidoísta subalterno ao outro de forma negativa. Na realidade, tem vínculos diretos com a manutenção da harmonia e desenvolvimento técnico, além de buscar um amadurecimento da forma pré-estabelecida para o desenvolvimento do grupo.
Todos serão kohais e provavelmente senpais ao longo da caminhada dentro do Aikido, aquele que for um bom kohai, com certeza será um bom senpai e auxiliará na evolução de todos os membros do grupo, exercendo uma liderança positiva.
Alguns princípios básicos já citados nesse blog devem ser seguidos por todos os praticantes, independente da posição em que se encontrarem dentro do grupo, porém, acredito que tenham algumas ênfases particulares que devem ser observadas por cada um de acordo com a sua colocação (kohai ou senpai).
O kohai deve, ao meu entender, acatar o que é colocado pelo seu senpai durante o keiko. Teoricamente,(infelizmente isso nem sempre acontece) o senpai possui mais tempo de prática e assim, mais conhecimento, conseguindo auxiliar nas dificuldades do kohai.
Por outro lado, o senpai deve estar aberto a auxiliar seu kohai e agir com cavalheirismo, jamais com um tom de superioridade ou prepotência. Esse praticante deve auxiliar no desenvolvimento do mais novo, não através de lições verbais durante os keikos ou impedindo a realização de determinadas técnicas, mas dando o nível de dificuldade adequado ou realizando movimentos corporais que façam com que o kohai consiga compreender e executar o kata de forma correta, afinal de contas no Aikido devemos procurar abandonar o ego.
Penso ser extremamente deselegante, por exemplo, um iniciante corrigir outro iniciante ou até mesmo seu senpai. Correções mais amplas devem ser realizadas pelo Sensei (ou eventualmente outro senpai) que estiver ministrando o keiko e não pelo praticante, principalmente se ainda não atingiu o grau de Yudansha (faixa-preta) e, mesmo que o fizer, deve ser pontual, de preferência em silêncio (pois durante o keiko não devem ocorrer conversas desnecessárias) e auxiliando corporalmente.
Aqueles que compreenderem esses princípios, com certeza evitarão desconfortos futuros e evoluirão muito mais rapidamente dentro da prática do Aikido.

Domo arigato gozaimashita

quinta-feira, 21 de abril de 2011

A Melhor Arte Marcial

Todo praticante de alguma alguma arte marcial, esporte de contato (como o Boxe) ou atividades que misturam aspectos culturais com luta (como a Capoeira), adere à prática dessa atividade por algum motivo. Isso é ponto pacífico e até mesmo redundante, pois ninguém realizaria uma atividade da qual não tivesse o mínimo de simpatia ou acreditasse na sua eficácia, seja ela qual for.
Via de regra, as artes marciais ou esportes que se destacam em competições, tendem a ser considerados pelos seus respectivos praticantes como superiores aos demais, pois a final de contas eles vencem competições e assim demonstram sua eficácia frente a todas as outras artes.
Devo discordar dessa lógica que se estabelece. Em primeiro lugar, pensemos o seguinte conceito: as artes marciais (aqui englobarei esportes de contato e adjacentes) que conhecemos nos dias de hoje, só continuam existindo porque existem praticantes abnegados que a praticam (desculpem a redundância), correto?
Como poderia existir uma arte sem praticantes? Impossível.
Em segundo lugar, se as artes marciais que são praticadas hoje em dia não fossem eficientes no que se propõe, elas ainda existiriam? Qual foi a fonte de suas técnicas se não a pesquisa e o teste de sua eficiência em campos de combate (durante guerras), duelos de vida ou morte ou até mesmo esportivos?
É fato que todas as artes marciais sérias que conhecemos nos dias atuais foram exaustivamente testadas, adaptadas, readaptadas e pensadas por grandes mestres e seus seguidores, evoluindo e se adequando a realidades regionais e culturais de cada período histórico.
Cada prática possui uma função e uma lógica própria (caso contrário, só existiria uma única prática), sendo assim, existem aspectos diferenciados que cada uma dá mais ênfase nos seus treinos.
Como dizer qual delas é melhor?
Não existe a melhor arte, ou como muitos dizem: a melhor arte é aquela em que cada pessoa se sente bem durante a sua prática.
Mas muitas vezes a lógica equivocada persiste: o lutador X pratica a arte Y e venceu o campeonato Z, logo a arte que ele pratica é a melhor (com o MMA isso ficou um pouco disforme, pois existem atletas que se especializam em um tipo de torneio).
Raciocínio lógico básico: se a arte fosse realmente definidora de quem é o melhor competidor, não poderia existir um campeão na disputa entre artes semelhantes. Correto?
Se essa lógica prevalecer, significa que se determinada prática marcial for tão suprema a ponto de ser invencível, qualquer lutador que disputar com outro que possui o mesmo treinamento, jamais conseguirá vencer e as lutas sempre acabarão em empate.
Existe um fator humano essencial e que muitos negligenciam...
Claro que os exemplos citados se referem àquelas artes de competição e que foram pensadas com esse objetivo. 
Mas a competição esportiva sob o manto de regras bem definidas pode ser considerado o único parâmetro de eficácia de técnicas? Acredito que não.
Existem aspectos muito mais sutis que não são contemplados pela competição esportiva. 
Vamos sair do campo do tatame e das regras e nos coloquemos num conflito urbano em que seja necessário enfrentar uma situação de risco em um ambiente desconhecido e com um número de atacantes desconhecidos: adiantaria por exemplo utilizar técnicas de sutemi waza (sacrifício, muito utilizada no Judo e aprofundada no Jiu-Jitsu Brasileiro)? Com certeza, não. Numa competição funcionam? Com certeza, sim.
Mas detalhe: nessas competições são proibidas mordidas, torção de pequenas articulações, dedo no olho, ataque aos órgãos genitais, cotoveladas na nuca ou outros golpes letais.
Podemos pensar em outras situações como um lutador de Muay Thai utilizando suas técnicas para desarmar alguém. As técnicas que são treinadas diariamente para competição funcionariam? Acredito que não. Mas em um ringue? Com certeza.
Poderíamos estender esse rol exemplificativo a todas as artes, inclusive ao Aikido, para exemplificar que cada arte é suficientemente completa e eficaz dentro de si mesma, dependendo muito do seu praticante para a sua eficácia.
Mas e se pensarmos nos aspectos filosóficos, emocionais, educacionais de cada arte? Afinal de contas, qual é o objetivo das práticas?
Séculos atrás, as batalhas se davam de forma campal através de espadas, lanças, escudos e as leis e regras de convivência eram muito mais amplas, não existiam órgãos judiciais bem estabelecidos e a justiça do olho-por-olho, dente-por-dente eram a regra geral. Fazia todo o sentido o treinamento de técnicas de combate para salvar sua própria vida e eliminar os perigos representados pelos outros inimigos. 
Após a Segunda Guerra Mundial, o mundo passou por diversas mudanças. As armas de destruição em massa demonstraram que não fazia mais sentido o combate homem-a-homem. A violência que muitos povos viveram trouxera reflexões sobre o papel do novo ser humano que deveria nascer após esse grave conflito.
Nesse contexto surgiram o Aikido, o Judo, Karate e todas as outras artes marciais praticadas atualmente. 
Evoluíram das técnicas de combate letais e se transformaram em meios de aperfeiçoamento humano, porém, ainda mantendo aspectos de auto-defesa essenciais.
Algumas artes deram ênfase à competição como forma de aprimoramento, outros pensaram essas técnicas como forma de organizar torneios com fins eminentemente econômicos e outras deram ênfase às práticas de aperfeiçoamento humano e manutenção da hierarquia, etiqueta e saúde.
Qual delas é a melhor?
Todas e nenhuma, depende de qual o objetivo do praticante.
Dessa maneira, acredito que não faça sentido um praticante de uma arte marcial criticar a outra arte, achando falhas ou defeitos, pois ele não comunga da mesma lógica e não faz parte da sua prática. Volto a repetir que dentro do praticante está presente a boa aplicação ou não da técnica e dos preceitos, mas não a arte marcial em si.
Observar um praticante aplicando com deficiências alguma técnica, deixando brechas, não significa que o movimento que deveria ser aplicado seria aquele.
Nem todas as técnicas treinadas pelo Aikido, por exemplo, têm por único fim a eficiência em um "ataque real". Existem outros conceitos que devem ser treinados, como "timing" (sen no sen, go no sen), respiração (kokyu), deslocamentos (tai sabaki), quedas (ukemis), utilização do quadril (koshi), manter a atenção no centro (hara), etc. Sem esse treinamento, nada no Aikido funcionaria, pois é uma arte muito sutil e que leva muito tempo para ser aplicada com proficiência (embora algumas técnicas possam ser aplicadas com muita eficácia num curto prazo de tempo).
Porém, acredito que o aspecto mais relevante de qualquer atividade praticada nos dias atuais seja melhorar a sociedade em que vivemos. Do que adianta alguém praticar a "arte mais letal" se existe a arma de fogo? 
Qual é o sentido de treinar durante anos técnicas que objetivam acabar ou lesar em definitivo alguma pessoa se qualquer um pode fazer isso com uma barra de ferro, sem qualquer treinamento?
Qual a sociedade que queremos?




É nesse ponto que acredito que o Aikido tem muito o que acrescentar e espero que todos aikidoístas tenham isso em mente, pois representam a arte que praticam e que possui uma grande função junto à construção de uma nova sociedade, menos violenta e mais solidária. Claro que isso por si só não evita desvios de conduta de algumas pessoas, mas a essência do treinamento deve ser essa.

Domo arigato gozaimashita

terça-feira, 19 de abril de 2011

Feriado

Informamos que, durante o feriado de quinta-feira (dia 21 de abril) e sexta-feira (dia 22 de abril), os keikos da AABB serão transferidos para o Dojo Central (Rua João Guimarães, 171) às 9:30.

Domo arigato gozaimashita

domingo, 17 de abril de 2011

Uma Visão Geral Sobre o Aikido

Alguns dias atrás, me foi solicitado um texto que fizesse um apanhado rápido sobre o Aikido para uma matéria que fala sobre as artes marciais e será publicada no jornal da AABB Porto Alegre.
A partir de leituras que tenho realizado e, principalmente através da vivência que tive ao longo desses poucos anos de prática, escrevi o texto que segue.
Domo arigato gozaimashita


Uma Visão Geral Sobre o Aikido 
O Aikido (AI = harmonia, KI = energia, DO = caminho) é uma arte marcial japonesa moderna, derivada de artes milenares. Antes de tudo, é um Budo (BU=guerreiro, DO = caminho), ou seja, um modo de aperfeiçoar o ser humano tanto corporalmente, através de técnicas de combate e condicionamento físico, quanto espiritualmente e mentalmente, através de práticas que transformam de forma positiva as pessoas para que elas ajam de forma construtiva dentro das suas relações pessoais, profissionais e perante a sociedade.
Toda a arte marcial que possui o ideograma japonês “DO” possui uma carga de ensinamentos morais e espirituais, no Aikido talvez isso fique muito mais latente, pelo tipo de práticas que ele realiza.
O Aikido diferencia-se das outras artes marciais por diversos fatores, mas talvez o mais conhecido seja a ausência total de competições. O-Sensei (grande mestre) Morihei Ueshiba, quando criou o Aikido, visualizava que as competições traziam muito mais malefícios do que benefícios para a sociedade do pós-Segunda Guerra Mundial. Para aqueles que perdem, fica a sensação de que não são capazes, que são menores que os outros, para aqueles que vencem, existe um sentimento de superioridade e arrogância, inflando os egos e gerando violência. Ao mesmo tempo, para competições, existiria a necessidade de adaptar muitas técnicas e criar regras, modificando a essência da arte e desvirtuando seu objetivo.
As técnicas contidas no Aikido podem ser divididas em 3 grupos: katame-waza (técnicas de imobilização), nage-waza (técnicas de projeção) e nage-katame-waza (técnicas de projeção com imobilização), que podem ser executadas em hanmi-handachi (uke ataca de pé e nage em seiza), swari waza (técnicas de solo, de joelhos) ou em tachi waza (técnicas em pé), assim como em buki-waza (técnicas de desarme de armas como espada, bastão e facas).
Diferenciando-se de outras artes, no Aikido não existe bloqueio dos ataques, a ideia é sempre deixar a agressão passar e redirecioná-la de forma circular, utilizando a respiração e a energia do oponente. O-Sensei Ueshiba acreditava que treinando corporalmente essas técnicas, a pessoa introjetaria princípios positivos na sua conduta extra-tatame (por exemplo ser xingado no trânsito e não revidar, conseguir resolver uma discussão de forma positiva, sem utilizar de violência verbal).
É uma arte que pode ser praticada por todos, pois não possui limitação de idade, divisão por sexo ou peso. A ideia é que a técnica deve ser aplicada com eficiência por qualquer pessoa, frente a qualquer oponente (ou vários), independente da desproporção física. Além disso, são trabalhados princípios como ukemis (quedas) e tai sabakis (base) que são muito úteis (além da prática no tatame) em situações de acidentes no dia-a-dia.
Também é utilizado pelas principais forças policiais do mundo como método de treinamento para abordagens policiais, imobilizações e defesa pessoal, justamente porque permite que exista a resolução de uma situação de violência sem necessitar lesar de fato o oponente (embora em último caso isso seja possível), indo ao encontro dos princípios atuais do respeito aos Direitos Humanos.
Cada pessoa treina da forma que se sentir melhor, sempre buscando a auto-superação através do shugyo (sofrimento que faz crescer), pois a competição do Aikido se dá dentro de cada um, para ser cada dia melhor, em relação a si mesmo e não em comparação com o outro.
A prática dessa arte melhora a capacidade cardiorrespiratória, a flexibilidade das articulações e músculos, a noção de espaço, o aumento da percepção de possíveis focos de riscos no cotidiano, a possibilidade de utilizar o mínimo de energia e força para resolver uma situação de agressão (quando não há outra forma de resolução), além de melhorar o humor, a auto-estima e a saúde de modo geral, pois trabalha com fluxos de energia (ki) através de suas técnicas. 

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Keiko com Bismarck Mayer Sensei

Nesta-sexta, dia 15 de janeiro, tivemos keiko com Bismarck Mayer Sensei. Foram abordadas diversas técnicas, dando muita ênfase à fluidez e não-utilização da força.
Contamos com a presença dos colegas Yudansha Stefan Dreger e Fernanda San.
Parabéns a todos que compareceram a este importante keiko.
Domo arigato gozaimashita

terça-feira, 12 de abril de 2011

Keiko Especial com Bismarck Mayer Sensei

Nesta sexta, dia 15 de abril às 20:15, teremos keiko especial com Bismarck Mayer Sensei (4º dan) no Dojo AABB. 
Na ocasião, também teremos a presença  dos colegas do Dojo de São Leopoldo.
Todos os membros do INSBRAI estão convidados para o evento!

Domo arigato gozaimashita