quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O Uso Policial do Aikido

 
 

Vargas Sensei sempre foi um obstinado por inserir o Aikido nos órgãos de segurança pública. Já ministrou treinamento para o curso de formação de Capitães da Brigada Militar, Agentes da Guarda Municipal de Porto Alegre, Seguranças do Trensurb, Agentes da FASE (antiga FEBEM) e criou o CDPP (Centro de Defesa Pessoal Policial), junto com alguns colaboradores. Em muitos desses cursos, participei como instrutor auxiliar e trago a partir dessa experiência algumas reflexões.
Muito se fala nos dias atuais sobre a necessidade de um novo perfil das polícias. Hoje, cresce a qualificação desses profissionais e ao mesmo tempo exigem-se conhecimentos amplos em diversas áreas,  assim como uma nova ótica na abordagem policial.
Nesse sentido, o Aikido, no meu ponto de vista, tem muito o que acrescentar. Por não dar ênfase apenas nos atemis (pancadas lesivas), valorizar a antecipação e o elemento surpresa, possuir uma ótica de combate que observa um oponente como se fosse vários e vários oponentes como se fosse um (controle do espaço), as imobilizações que dão ênfase nas pequenas articulações e na economia de energia de quem está aplicando, na finalização do agressor em decúbito ventral (o que diminui a agressividade e possibilidade de reação do mesmo e favorece a algemação), todos esses aspectos fazem do Aikido o Budo ideal para o uso policial (o que já é reconhecido nas principais polícias mundo afora: Japão, EUA, países da europa, G.O.E da Polícia Civil de SP).
As técnicas do Aikido vão ao encontro dos anseios que hoje a sociedade possui, de uma polícia que respeite os direitos humanos ao mesmo tempo em que realiza a repressão ostensiva ao crime, uma polícia que age com rapidez mas ao mesmo tempo com inteligência, com eficácia, sem truculência.
Quem pratica ou já praticou Aikido, sabe que a dor que sentimos ao sermos imobilizados impossibilita qualquer tipo de reação (por incrível que pareça, muitas vezes não conseguimos nos mover, mesmo sem dor alguma), porém, essa dor é uma dor instantânea, que cessa assim que somos liberados. É a chamada dor terapêutica (algo similar a dor de alongamentos). Por outro lado, se existir a necessidade extrema de uma técnica mais lesiva que inutilize o oponente, essas mesmas técnicas já citadas podem passar desse patamar da dor terapêutica e chegar a dor lesiva, causando graves danos ao oponente.
Vemos assim que o Aikido serve tanto para a abordagem de suspeitos, algemação, quanto para a defesa pessoal dos agentes de segurança que, utilizando as técnicas adequadas, estarão trabalhando dentro da concepção do uso moderado e necessário da força, o que não seria caracterizado por exemplo em artes que dão ênfase em pancadas ou no combate restrito homem a homem. A técnica bem aplicada do Aikido deve estar em harmonia (como já diz o nome dessa nobre arte) com a intenção do agressor, nem mais, nem menos, assim como de acordo com a sua filosofia de não-violência.
Na sequência, posto alguns vídeos que considero interessantes para ilustrar esse tópico.
Saliento que os vídeos são meramente ilustrativos, não caracterizando divulgação alguma.

Domo arigato gozaimashita




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